MB Associados: seca deve comprometer PIB da agropecuária em 2014

josé_roberto_ mendonça_economista_MB_associados (Foto: Raphael Salomão)
O setor agropecuário não deve repetir o mesmo desempenho do ano passado e registrar um crescimento em torno de 3% neste ano. A avaliação foi feita pelo economista José Roberto Mendonça de Barros, diretor da MB Associados, em palestra para empresários e associados à Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), nesta terça-feira (18/3), em São Paulo.
O economista explicou que o resultado de 2013, quando a agropecuária cresceu 7%, pode ser considerado anormal. Foi uma recuperação de um desempenho pior por causa da seca ocorrida em 2011 e que afetou a safra.
“Neste ano, o clima vai ter consequências de novo e tirar um pedaço do crescimento da produção”, disse Mendonça de Barros.
Os efeitos da seca em algumas regiões e do excesso de chuvas em outras levaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a revisar suas estimativas para a safra de grãos 2013/2014. No levantamento divulgado no início deste mês, a projeção caiu de 193,5 milhões para 188,7 milhões de toneladas.
O economista acredita em novas revisões, com a produção ficando em 186 milhões, “que ainda é uma excelente safra.” Destacou, no entanto, que um crescimento de 3% neste ano não seria negativo, já que estaria dentro do que o setor costuma registrar.
“Ele não é de grandes saltos nem de grandes quedas a não ser quando há problemas de clima. Crescer de 3% a 4% é excelente porque a agropecuária se move mais lentamente mesmo”, disse.
Mendonça de Barros lembrou também que o desempenho estaria acima do projetado pela para a economia brasileira como um todo. A expectativa é de alta de 1,6%. Na avaliação dele, a agropecuária vai ter um efeito significativo no PIB, já que tem um importante peso na balança comercial e em parte da demanda da indústria.
Apesar dos problemas na produção, ele acredita que a renda gerada pelo setor agropecuário, de uma forma geral, deve ser manter positiva. Segundo o economista, os preços subiram no mercado externo e interno, o que deve manter elevada a receita gerada pelo agronegócio.
“Em termos de renda agrícola e bem estar dos agricultores, em média, vai ser muito bom. A não ser em propriedades com grandes perdas. Mas tem que se levar em conta que o PIB mede o efeito quantidade e a produção vai crescer menos neste ano”, explicou Mendonça de Barros.
Mercado
Durante a palestra, José Roberto Mendonça de Barros destacou que a China deve apresentar um crescimento econômico de 7,5% neste ano. Na avaliação dele, o principal efeito deve ocorrer sobre o setor de infraestrutura, o que traz risco às vendas de minério de ferro do Brasil.
Com relação à demanda por alimentos, ele acredita que deve se manter forte em razão do país ainda ter uma forte dependência do abastecimento externo. “A China continua com problema grave de poluição, escassez de água, de qualidade, falta de terras e tem uma população que ainda é pobre, mas está em uma melhor faixa de renda e quer comer melhor.”

Sobre o mercado interno, o diretor da MB Associados demonstrou otimismo em relação ao setor, apesar de ter uma perspectiva de enfraquecimento da demanda de modo geral. Segundo ele, há uma procura por novas qualidades de produtos pelo consumidor, com reflexos em toda a cadeia produtiva.

“O melhor exemplo disso é o leite. A sofisticação do consumo dos produtos lácteos no varejo leva a uma óbvia demanda para que o produtor de leite produza cada vez mais com melhor qualidade, que é o que está ocorrendo”, explicou o economista.
Fonte: Globo Rural

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